Professores são escritores!
A proposta foi desafiadora
· produzir um conto citando esses elementos acima: uma agulha, uma cuia e dois palitos.
· contar a história com bastante magia e encantamento.
O Centro de Estudos Continuados, da Secretaria Municipal de Educação, em Patos de Minas, na área de Língua Portuguesa, possibilitou aos educadores um instante para a escrita. Foi um momento rico em descontração (houve grupo tão feliz que acionava nossa curiosidade), conhecimento e revelação de sabores e saberes.
Parabéns, colegas!
Vamos conferir os textos?! Divirta-se.
Clareando
A primeira vez que José viu Maria foi uma imagem por entre os galhos de uma árvore.
___ Que beleza é essa, meu pai?
José suspirou e sonhando acordado em delírios se perguntou:
___ Quando uma mulher tão linda poderia me notar?
Maria pressentindo algo estranho por perto apertou o passo e chegou à casa de Luzia, a senhora costureira da região.
___ Olá, olá! Há alguém em casa?
Dona Luzia chegou à porta:
___ O que você deseja?
___ Eu sou a nova professora e preciso de alguns ajustes em vestidos. Poderia me ajudar?
___ Venha cá, minha filha. São quantos vestidos?
___ Na verdade, são vários...
___ Então podemos nos entender! Tenho uma vontade antiga, mas por aqui não vem professora há muito tempo... Olha filha, dinheiro por essas bandas não tem valor, eu conserto todos os seus vestidos e a senhora ensina o meu José a ler.
Maria, escutando atenta, concordou de prontidão:
___ Para mim está ótimo, se realmente estiver bom para a senhora...
___ Está ótimo e não vai se arrepender porque eu sou a agulha de ouro de toda essa região.
Maria vinha toda noite à casinha modesta de dona Luzia, José pegava um palito de fósforo e acendia uma vela e adentravam noite adentro Maria e José, este homem pequeno, tenso e trêmulo, sem saber lidar direito com o amontoado de letras.
___ Esse escrevedor me escapa dos dedos e essas letras não se juntam na ponta desse negócio __ falava José angustiado.
Ao final de cada aula, tarde da noite, José pegava outro palito de fósforo, acendia o lampião e levava Maria à casa dela. Os dois de mãos dadas no escuro, ele a conduzindo com segurança pela escuridão.
E assim o tempo passou, ela clareando a mente dele e ele clareando os caminhos dela. Um dia depois de muito andar, cansados, ela ofereceu água a ele. José aceitou e, as mãos dela sob as dele, a cuia com água a refletir o beijo deles. Ela iluminada pelo lampião dele e ele iluminado pelo conhecimento dela.
Júnio Franklin Nunes
Meire Cristine
Raniel Geraldo Fernandes
Regina
Um rapaz quase perfeito
Era uma vez um rapaz que se chamava Adalberto. Ele vivia em sua pequena casa, isolado, pois tinha receio que as pessoas descobrissem que ele era diferente. Por causa dessa diferença, Adalberto foi obrigado a esconder seu amor por uma linda moça chamada Laura. O receio dele é que ela é de família tradicional e ele um simples rapaz problemático.
Um certo dia, o jovem, ao sair para comprar alimentos, encontrou com uma senhora que percebendo sua tristeza perguntou:
___ Que mal o aflige?
___ Cara senhora, há muito sofro uma dor terrível. Amo desesperadamente uma jovem e não posso me aproximar dela, pois tenho receio que ela descubra que não sou como as pessoas normais.
___ Mas como não ser? Você tem belos olhos, lábios carnudos, cabelos negros, uma pele alva e ainda é muito gentil e educado...
___ As aparências enganam. O problema é que possuo um rabo proveniente do meu desprezo por uma jovem, neta de uma feiticeira. A moça ficou tão furiosa por eu não a amar que se vingou da maneira mais vil. Hoje me sinto como um bicho!
___ Caro Adalberto, não há nada que não tenha solução. Faça o que vou lhe dizer: pegue uma cabaça, divida-a ao meio, pegue uma agulha e faça furos numa das partes, coloque palitos nos furos. Sente-se na cuia e repita três vezes: na cuia um, rabo nenhum.
Assim o jovem realizou o ritual, ao terminar verificou com entusiasmo que se livrara do feitiço e poderia conquistar a dama que ele amava. Agora era um homem perfeito. Laura e Adalberto se casaram e foram felizes para sempre.
Lucimar Coimbra de Freitas Paiva
Carmem Olinda Cardoso Chaves
Magda Maria Mota
Nem tanto como Romeu e Julieta
Num futuro próximo, um belo rapaz de nome Homero se apaixona perdidamente pela encantadora Júlia, garota de família nobre e tradicional de uma grande metrópole.
A exemplo da tragédia shakespeariana, Homero e Júlia vivem um amor impossível, tendo em vista que suas famílias são rivais devido à briga pela posse de um enorme campo petrolífero.
Para evitar o fim trágico dessa história comovente que ultrapassa as barreiras do tempo, a ama de Julieta surge como fada madrinha de Júlia, dando a ela e a Homero um presente mágico: uma cuia com dois palitos, balas e uma agulha.
A princípio esse presente lhes parece estranho e antiquado, porém quando a ama explica a magia que envolve o presente, tudo começou a produzir sentido e Júlia não consegue esconder a euforia.
Embora o romance lembre o clássico de Shakespeare, o desfecho é feliz.
O presente da fada madrinha representa os cinco sentidos. A cuia, a audição; as balas, o paladar; os palitos, a visão e o olfato; e a agulha, o tato.
Assim, Júlia, mesmo distante de Homero, através das balas, sente os beijos ardentes do amado, podendo também vê-lo e sentir o cheiro dele por meio dos palitos, além de tocá-lo pelo poder da agulha mágica.
Já a cuia impede que haja o mal entendido , uma vez que ela consegue se comunicar com Homero e explicar o plano em que bebe uma fórmula secreta e é dada como morta enquanto apenas dormia.
Dessa forma, o presente mágico permite que vivam intensamente o seu amor, longe da raiva e do ódio dos familiares que os aprisionavam.
Vanessa Braga de Lima Andrade
Elismar Gonçalves de Castro Oliveira
Paula da Silva Lisboa
O kit mágico de Epaminondas
Era uma vez um humilde camponês chamado Epaminondas. Ficara órfão ainda muito jovem, por isso ficou desiludido, deixando de cuidar de sua aparência como também de seu próprio corpo. Andava descalço, sujo, maltrapilho, descabelado, barbudo e quase desdentado. Por isso não encontrava não encontrava ninguém que se interessasse por ele. Todas as garotas o desprezavam, fazendo com que se sentisse ainda mais solitário.
Então, um belo dia, conheceu uma linda moça que despertou os seus sentimentos mais profundos, até então adormecidos. A partir de então, fez de tudo para conquistá-la. Todas as tentativas porém eram inúteis. Quando já estava cansado de lutar por uma aproximação, apareceu então uma velha senhora, a quem chamou de fada madrinha, que o aconselhou a cuidar de sua aparência, presenteando-o com um kit mágico de beleza: a agulha renovou suas vestes, a cuia de banho deixou-o limpo e perfumado e os palitos, como num passe de mágica, devolveu-lhe o seu lindo e cristalino sorriso de outrora.
Finalmente, quando sua amada o viu, ficou perdidamente apaixonada, pois ele era exatamente aquele príncipe com quem ela sempre sonhara.
Hoje, com sua autoestima elevada e seu amor conquistado, com a ajuda da agulha mágica, ele produz belíssimas vestes para todos da redondeza.
Mirlene
Nayara
Telma
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